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Atividade Guerra de Canudos – Resumo e exercícios (com resposta)

Resumo: Um resumo simplificado e autoral sobre a Guerra de Canudos. Acompanha cinco exercícios de interpretação de texto e conhecimentos gerais sobre a Guerra. Está pronto para imprimir e aplicar em sala de aula. Serve também como tarefa para lição de casa, estudos próprios ou mesmo enquanto atividade de recuperação.

Habilidades: EF09HI02.

Charge da "Revista Illustada" sobre Antônio Conselheiro e o Arraial de Canudos. Nela, o beato "recusa" obstinadamente a República.

O contexto histórico: A República Velha

Na década de 1890, os brasileiros se familiarizavam com o novo modelo político republicano. Muitas mudanças foram feitas para dar materialidade à República: por exemplo, o Colégio Pedro II tornou-se o “Colégio Nacional”; a bandeira abandonou o pavilhão imperial em favor do lema “Ordem e Progresso”; até a capital deixou de ser chamada de “corte” para ser o “Distrito Federal”.

No entanto, velhos problemas persistiram, especialmente para os que viviam no campo. Os camponeses mais pobres ainda não tinham acesso à terra, enfrentando condições de trabalho terríveis sob o domínio dos latifundiários. As secas no sertão nordestino castigavam implacavelmente, criando uma paisagem que contrastava com a visão republicana de modernidade. Desemprego, analfabetismo, fome e miséria eram crônicos.

Ou seja, a novidade republicana pouco alimentou esperança nos trabalhadores rurais brasileiros. O novo governo rapidamente se mostrou condescendente com elites locais e militares, preservando seus históricos privilégios.

A liderança e Antônio Conselheiro

Por outro lado, havia lideranças populares que prometiam alternativas à população local.

Entre eles, destaca-se Antônio Conselheiro, um beato que percorria os sertões criticando a exploração republicana, realizando milagres e prometendo uma vida mais digna aos seguidores. Pouco a pouco, centenas de sertanejos empobrecidos se uniram a ele, esperançosos em suas pregações e numa vida melhor.

Em uma de suas viagens, Conselheiro chegou a Bom Conselho em maio de 1893. Lá, presenciou a cobrança excessiva de impostos pelas autoridades republicanas, indignando seus seguidores. Sua resposta foi enérgica: arrancou editais e documentos públicos das paredes, destruindo-os e tecendo críticas inflamadas ao novo governo.

Em suas falas, aliava queixas sociais legítimas e opiniões religiosas, pois também acusava a República de ser contrária aos princípios cristãos, especialmente devido à criação do casamento civil, que ele considerava prerrogativa exclusiva da Igreja.

A fundação de Canudos

Após o episódio, o governador da Bahia decretou a prisão de Conselheiro, que foi resistida por seus seguidores, resultando na derrota dos policiais enviados. Agora considerado um inimigo do Estado, Conselheiro escolheu estabelecer sua comunidade em uma fazenda abandonada próxima ao rio Vaza-Barris.

A notícia sobre o Arraial se difundiu rapidamente pelo sertão, resultando em um aumento da população de Canudos de 230 para 24 mil moradores durante sua existência. O estilo de vida em Canudos inovava, com a terra como propriedade coletiva e cultivo colaborativo, compartilhando os frutos das colheitas. Isso contrastava fortemente com as condições impostas pelos latifundiários em outras partes dos Sertões nordestinos, onde os fazendeiros apropriavam-se da maioria dos lucros, deixando os trabalhadores em extrema miséria.

A reação das elites ao Arraial de Canudos

O êxito do Arraial provocou a ira dos coronéis locais. Os grandes proprietários viram seus trabalhadores gradualmente abandonarem as fazendas para se juntar à comunidade de Conselheiro, reduzindo sua influência e seus ganhos. Além disso, a Igreja Católica também estava desconfortável, pois Conselheiro se tornava um líder religioso conhecido, fora de sua esfera de influência.

Em reação, as elites locais passaram a pressionar o governo republicano para lidar com essa ameaça. Nas notícias e nos relatos oficiais, Canudos era retratada como um reduto monarquista fanático, desdenhoso da República e do governo. Claro que era visão era exagerada e ofensiva: afinal, mais do que uma revolução ideológica, o arraial representava uma resistência de uma população que buscava escapar da miséria, formando seu próprio modo de vida.

As narrativas críticas em relação a Canudos também acrescentaram aspectos sensacionalistas e mesmo médicos, acusando seus habitantes de fanatismo, barbárie e até de uma loucura crônica. Isso obscureceu a questão social aos olhos do público, transformando Canudos em uma oposição simplificada entre “civilização” contra “misticismo”, “República” contra “Monarquia” ou, “sanidade” contra “loucura”.

A Opinião Pública e a Guerra de Canudos

Distante de Canudos, boa parte da população brasileira obtinha notícias através de uma imprensa alinhada aos interesses dos latifundiários. Ademais, o início turbulento da República, com revoltas como as Revoltas da Armada e a Revolução Federalista deixa vivo os temores de uma Guerra Civil ou Anarquia no país. Assim, a intervenção militar foi acolhida como necessária para impor a ordem e evitar a desordem pública. Os oficiais abraçavam essa missão, associando-a a um pretenso papel de guardiões de uma ordem para o progresso.

Quatro expedições militares foram organizadas para “impor a modernidade” em Canudos. Com ordens de liquidar o arraial, as três primeiras encontraram forte resistência dos sertanejos, que aproveitaram sabiamente a geografia local para suas vitórias. As derrotas do exército aumentaram a pressão no governo republicano, que investiu fortemente na quarta tentativa. Nela, mais de 6200 militares foram enviados para reduzir Canudos a pó.

O resultado foi uma carnificina, com o Arraial finalmente derrotado e seus habitantes brutalmente executados. As ações incluíram uma traição desalmada: aqueles que se renderam voluntariamente antes do combate, entre eles mulheres e idosos, foram enganados, traídos e degolados. Quanto a Conselheiro este não foi capturado vivo. Contudo, teve se corpo tomado e utilizado como um estandarte da vitória republicana sobre a “barbárie”.

Consequências

No cômputo geral dos acontecimentos, a população pobre foi a grande derrotada. Ambos os lados do campo de batalha contava com os desfavorecidos nas posições mais vulneráveis. Enquanto os sertanejos lutavam pela própria sobrevivência, o Exército mobilizava para a morte centenas de trabalhadores recrutados às pressas no restante tudo país. São fragmento do “Brasil moderno” que parte da imprensa e das elites propalavam nos finais do século XIX.

Exercícios

1. Como era a condição de vida dos sertanejos na República Velha?

2. Quem foi Antônio Conselheiro? Quais eram as críticas feitas ao novo governo?

3. Como as elites locais reagiram ao arraial de Canudos? Explique essa reação.

4. Explique como ocorreram as batalhas da Guerra de Canudos e qual foi seu resultado final.

5. Sobre a Guerra de Canudos, leia a notícia abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso” nas seguintes frases:

a. (   ) A imprensa da época tomou partido dos sertanejos, devido à evidente preocupação social e à consciência da miséria no campo.
b. (   ) O discurso médico também foi utilizado pela imprensa para convencer sobre a importância da Guerra de Canudos.
c. (    ) A proclamação da República trouxe transformações profundas na vida dos habitantes do sertão nordestino, como resultado de seu caráter democratizante.
d. (    ) O fenômeno de Canudos combinava aspectos religiosos e políticos, com a crença na figura mística de Conselheiro e a busca por um estilo de vida mais digno nos sertões.
e. (    ) A Guerra de Canudos foi retratada como uma confrontação entre civilização e barbárie, pois os sertanejos eram considerados fanáticos religiosos e monarquistas.

1. A condição de vida dos sertanejos na República Velha era marcada por pobreza extrema, falta de acesso à terra, condições de trabalho terríveis sob o domínio dos latifundiários, secas implacáveis no sertão nordestino, desemprego, analfabetismo, fome e miséria crônicos.

2. Antônio Conselheiro era um beato que percorria os sertões realizando milagres, criticando os abusos governamentais e prometendo uma vida mais digna aos seguidores. Ele criticava a cobrança excessiva de impostos pelas autoridades republicanas, acusava o novo governo de ser contrário aos princípios cristãos, especialmente devido à criação do casamento civil, e resistiu à prisão decretada pelo governador da Bahia.

3. As elites locais reagiram ao arraial de Canudos pressionando o governo republicano para lidar com a ameaça que viam em Canudos. Retrataram o arraial como um reduto monarquista fanático e desdenhoso da República e do governo, exagerando e ofendendo a realidade do local, buscando assim justificar a intervenção militar.

4. As batalhas da Guerra de Canudos ocorreram em quatro expedições militares que tentaram “impor a modernidade” no arraial. As três primeiras expedições encontraram forte resistência dos sertanejos, aproveitando a geografia local para suas vitórias. A quarta expedição, com um grande contingente militar, resultou em uma carnificina, com Canudos finalmente derrotado e seus habitantes brutalmente executados. Os sertanejos lutavam pela própria sobrevivência, enquanto o Exército mobilizava centenas de trabalhadores recrutados às pressas.

5. F / V / F / V / V

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