Materiais de História

Gen: Pés Descalços – Um Mangá sobre as bombas de Hiroshima e Nagasaki

Resumo: Trecho do Mangá “Gen: Pés Descalços”, de Keiji Nakazawa, um relato autobiográfico de um sobrevivente da bomba de Hiroshima. A leitura deste mangá funciona muito bem para enriquecer suas aulas sobre Segunda Guerra Mundial no 9º ano e também no Ensino Médio. Permite uma discussão muito rica sobre direito à memória na história, sobre a importância dos relatos pessoais enquanto fontes históricas e sobre o passado trágico e desumano envolvido no lançamento e no uso de armas nucleares.

Habilidades: EF09HI13, EF09HI15 e EM13CHS504.

Mangás e animes são extremamente populares entre os alunos.

Se você perguntar “quem aqui gosta de mangás ou animes?” ou “qual é o seu anime ou mangá favorito?”, certamente irá capturar a atenção deles e ficará surpreendido com a enxurrada de referências que alguns deles têm.

Bem, para quem não está familiarizado, mangá é um tipo de história em quadrinhos típica do Japão, com traços específicos e geralmente lida “de trás para frente”. Alguns títulos famosos incluem One Piece, Dragon Ball, Cardcaptor Sakura e Tokyo Revengers. Animes, por sua vez, são basicamente os desenhos animados ou filmes produzidos com uma estética semelhante, sendo que muitos deles são adaptações de mangás.

Nessa perspectiva, “Gen: Pés Descalços” é uma fonte rica para nós, professores(as) de história. Trata-se de uma narrativa autobiográfica de Keiji Nakazawa, uma criança sobrevivente do lançamento da bomba nuclear em Hiroshima, em 1945. Ele relata os episódios de sua infância, enquanto vivia com seus pais e irmãos Shinji, Eiko e Kouji, incluindo momentos, antes, durante e depois do famigerado ataque norte-americano.

Capa do Volume 1 do mangá "Gen: Pés Descalços".
Capa do Volume 1 do mangá "Gen: Pés Descalços".

Seu relato é poderoso, persuasivo, capturando rapidamente nossa atenção. Mesmo em poucas páginas, sua narrativa é capaz de comover até mesmo aqueles que se dizem menos interessados em mangás e quadrinhos.  Em suma, seu enredo é um verdadeiro hino à paz e à memória das vítimas da violência militar; um retrato necessário, a partir da perspectiva inocente de uma criança, sobre um doloroso episódio da história da humanidade.

O excerto selecionado e compartilhado aqui refere-se a uma pequena parte do livro 1 da série “Gen”. Optamos por destacar o trecho em que o protagonista narra tanto o instante da explosão da bomba quanto os momentos subsequentes, quando ele começa a compreender o impacto e corre atrás de informações sobre sua família.

Normalmente, costumava imprimir algumas cópias desta página e lê-las com os alunos. Também é possível distribuí-las e solicitar a leitura individual em silêncio. Em seguida, conduzia um diálogo com a classe, solicitando suas impressões e sentimentos durante a leitura, para então abordar aspectos mais complexos e fundamentais da história, como o direito à memória, a importância dos relatos pessoais como documentos históricos e a possível responsabilização dos Estados Unidos por um “crime de guerra”, entre outros.

Abaixo, também fornecemos algumas sugestões de exercícios simples para propor aos alunos após a leitura. Espero que isso ajude e desejo a todos uma boa leitura!

Página do Vol 1 do Mangá Gen Pés Descalços.
Página do Vol 1 do Mangá. O excerto para uso em sala de aula está no começo da página. É só clicar no botão roxo!

Sugestão de exercícios:

1. Qual é o principal tema do quadrinho? Você gostou da história?

2. Em sua opinião, qual é a importância de preservar a memória de quem viveu esse evento histórico?

3. Leia o texto abaixo, sobre o lançamento das bombas de Hiroshima e Nagasaki, e responda ao que se pede:
“O presidente Truman soube do lançamento da bomba sobre Hiroshima quando retornava da conferência de Potsdam aos Estados Unidos a bordo do cruzador americano USS Augusta. Pelo som interno do navio de guerra ele falou para a tripulação que ‘esse é o maior evento da história’ e depois anunciou ao mundo: ‘Pouco tempo atrás, um avião americano lançou uma bomba em Hiroshima e destruiu sua utilidade para o inimigo. Os japoneses começaram a guerra pelo ar em Pearl Harbor. Receberam o troco muitas vezes. E ainda não acabou. Com esta bomba adicionamos um novo e revolucionário incremento em destruição’.
Em Los Alamos, houve júbilo entre os cientistas, mas nem todos comemoraram, alguns tiveram um impacto negativo, a destruição da cidade e principalmente de vidas humanas era na verdade um momento infeliz.”
Extraído de: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=282187
a. Qual foi a reação do presidente americano ao lançamento das bombas?
b. Qual foi a reação dos cientistas envolvidos em seu desenvolvimento?
c. Em sua opinião, os Estados Unidos deveriam uma reparação histórica ao Japão pelo lançamento das bombas? Por quê?

4. Após a leitura do Mangá “Gen: Pés Descalços”, responda: Você acredita que os quadrinhos e os animes podem ser uma importante ferramenta para o estudo da história? Por quê?

5. (UNIFESP 2008, adaptada) Assinale a alternativa correta:
Este é o maior evento da história (do presidente norte-americano H. Truman, ao ser informado do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima). Era importante que a bomba atômica fosse um sucesso. Havia-se gastado tanto para construí-la… Todas as pessoas interessadas experimentaram um alívio enorme quando a bomba foi lançada (do alto oficial cujo nome em código era Manhattan District Project).

Essas afirmações revelam que o governo norte-americano:
a) desconhecia que a bomba poderia matar milhares de pessoas inocentes.
b) sabia que sem essa experiência terrível não haveria avanço no campo nuclear.
c) esperava que a bomba atômica passasse despercebida da opinião pública.
d) ignorava princípios éticos para se tornar a principal potência militar no mundo.

1. O quadrinho traz o relato de um sobrevivente da bomba nuclear de Hiroshima, no Japão. Ele retrata os acontecimentos na vida de Keiji, uma criança que vivia na cidade que foi atingida pela bomba nuclear em 1945.

2. A preservação da memória dos sobreviventes da bomba de Hiroshima é de extrema importância por diversas razões. Em primeiro lugar, esses relatos fornecem um testemunho vivo e autêntico dos horrores da guerra e das consequências devastadoras das armas nucleares, alertando as gerações futuras sobre os perigos da escalada militar e da proliferação nuclear. Além disso, ao ouvir as histórias desses sobreviventes, podemos cultivar uma compreensão mais profunda dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, além de promover e preservar a memória e a dignidade histórica das vítimas dos horrores desse episódio.

3. a. A reação do presidente americano ao lançamento das bombas foi de certo orgulho e justificação. Ele descreveu o evento como “o maior da história” e enfatizou que a bomba adicionou um novo e revolucionário nível de destruição ao arsenal militar dos Estados Unidos.

b. A reação dos cientistas envolvidos no desenvolvimento da bomba foi mista. Embora tenha havido júbilo entre alguns cientistas em Los Alamos, muitos não comemoraram o sucesso da bomba. Para alguns, a destruição resultante e a perda de vidas humanas representaram um momento infeliz.

c. Resposta pessoal. Como exemplo de resposta, apresentamos a seguinte opinião: os Estados Unidos têm uma responsabilidade histórica em relação ao lançamento das bombas atômicas sobre o Japão. Embora o contexto da Segunda Guerra Mundial e as tensões geopolíticas da época possam ser considerados, a magnitude dos danos causados e o sofrimento humano resultante exigem uma reflexão e uma ação de reparação. Isso poderia incluir um reconhecimento oficial do sofrimento causado, um pedido de desculpas sincero e esforços para promover a paz e a não proliferação nuclear.

4. Sim, os quadrinhos e animes podem ser ferramentas importantes para o estudo da história. Por meio de narrativas visuais, eles têm o poder de cativar a atenção dos leitores e espectadores, tornando os eventos históricos mais acessíveis e envolventes. Além disso, podem oferecer uma perspectiva única sobre determinados períodos históricos, destacando aspectos culturais, sociais e políticos de uma maneira que os textos acadêmicos tradicionais podem não conseguir.

5. D

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