Materiais de História

Lista de Exercícios sobre Independência do Brasil – ENEM – com gabarito e resolução!

1. (ENEM 2014) A transferência da corte trouxe para a América Portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.

(NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997)

Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América Portuguesa por terem:

a) incentivado o clamor popular por liberdade.
b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
e) provocado os movimentos separatistas das províncias.

2. (ENEM 2019) Entre os combatentes estava a mais famosa heroína da Independência. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu se alistar às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de Soldado Medeiros.

GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

No processo de Independência do Brasil, o caso mencionado é emblemático porque evidencia a:

a) rigidez hierárquica da estrutura social.
b) inserção feminina nos ofícios militares.
c) adesão pública dos imigrantes portugueses.
d) flexibilidade administrativa do governo imperial.
e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.

3. (ENEM 2021) O movimento sedicioso ocorrido na capitania de Pernambuco, no ano 1817, foi analisado de formas diferentes por dois meios de comunicação daquela época. O Correio Braziliense apontou para o fato de ser “a comoção no Brasil motivada por um descontentamento geral, e não por maquinações de alguns indivíduos”. Já a Gazeta do Rio de Janeiro considerou o movimento como um “pontual desvio de norma, apenas uma ‘mancha’ nas ‘páginas da História Portuguesa’, tão distinta pelos testemunhos de amor e respeito que os vassalos desta nação consagram ao seu soberano”.

JANCSÔ. I. PIMENTA, J. P. Peças da um mosaico. In MOTA. C. G. (Org) Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000) São Paulo; Senac. 2000 (adaptado).

Os fragmentos das matérias jornalísticas sobre o acontecimento, embora com percepções diversas, relacionam-se a um aspecto do processo de independência da colônia luso-americana expresso em dissensões entre:

a) quadros dirigentes em tomo da abolição da ordem escravocrata.
b) grupos regionais acerca da configuração político-territorial.
c) intelectuais laicos acerca da revogação do domínio eclesiástico.
d) homens livres em tomo a extensão do direito de voto.
e) elites locais acerca da ordenação do monopólio fundiário.

4. (ENEM PPL 2016) É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da capital do Império a mais remota e insignificante de suas aldeolas, congrega-se unânime para comemorar o dia que o tirou dentre as nações dependentes para colocá-lo entre as nações soberanas, e entregou-lhe os seus destinos, que até então haviam ficado a cargo de um povo estranho.

Gazeta de Notícias, 7 set. 1883.

As festividades em torno da Independência do Brasil marcam o nosso calendário desde os anos imediatamente posteriores ao 7 de setembro de 1822. Essa comemoração está diretamente relacionada com

a) a construção e manutenção de símbolos para a formação de uma identidade nacional.
b) o domínio da elite brasileira sobre os principais cargos políticos, que se efetivou logo após 1822.
c) os interesses de senhores de terras que, após a Independência, exigiram a abolição da escravidão.
d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo imperial para a expulsão de estrangeiros do país.
e) a consciência da população sobre os seus direitos adquiridos posteriormente à transferência da Corte para o Rio de Janeiro.

5. (ENEM 2009) No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti:

Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.


AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907.

O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende

a) do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista.
b) da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.
c) dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças.
d) do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora.
e) da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do Haiti.

1. Gabarito: B.

O texto aborda a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, liderada pelo então príncipe-regente Dom João VI. Esse processo histórico contribuiu para o posterior processo de Independência do Brasil ao enfraquecer uma série de mecanismos de domínio metropolitano na região, tal qual sugerido na letra B. Por exemplo, após a chegada da Corte ao Brasil, ocorreu o fim do Pacto Colonial com a Abertura dos Portos em 1808 e a elevação do Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves, em 1815. Quando essas medidas de maior liberdade econômica e prestígio político começaram a ser ameaçadas na década de 1820, as elites brasileiras passaram a se engajar no processo de independência nacional.
Como a independência do Brasil foi um processo conduzido pelas elites, a alternativa A está incorreta ao sugerir a importância do “clamor popular”. A mesma lógica também elimina alternativa C, já que revoltas escravas não contribuíram para a pressão pela independência. A letra D está incorreta pelo fato de os constitucionalistas portugueses, ligados à Revolução Liberal do Porto, não apoiarem a presença da família real no Brasil e tampouco a independência do país. Por último, a alternativa E não é correta, pois a vinda da Corte Portuguesa não favoreceu a eclosão de uma série de movimentos separatistas nas províncias, sendo a Revolução Pernambucana a única revolta local relevante no período. Contudo, foi celeremente reprimida pelas forças centrais.

2. Gabarito: A.
a) Correta. A obstinação de Maria Quitéria em lutar pela Independência desnuda as rígidas restrições existentes na sociedade brasileira. Afinal, ela era impedida de combater junto às tropas emancipacionista somente por ser mulher, o que é sintomático sobre as estruturas fixas e excludentes que havia na sociedade do período.
b) Incorreta. Não é possível afirmar que havia uma inserção feminina nos ofícios militares. O caso de Maria Quitéria é emblemático justamente pelo contrário, por exemplificar um caso excepcional de combatente mulher.
c) Incorreta. O caso de Maria Quitéria em nada dialoga com a questão de adesão de imigrantes portugueses nas Guerras de Independência. A excepcionalidade de seu caso envolve o fato de ser uma mulher militar num período em que a Guerra era restrita aos homens.
d) Incorreta. O texto não trata de aspectos administrativos do governo imperial. Pelo contrário, cita episódios vinculados à Guerra de Independência, quando ainda não havia um governo ou administração completamente consolidado rigorosamente no Brasil.
e) Incorreta. A guerra mencionada é resultado de uma inflexibilidade de Portugal em reconhecer a Independência do Brasil, e não o contrário.

3. Gabarito: B.
O comando do exercício é um pouco confuso, requer uma leitura bem atenta. Basicamente, ele solicita que você identifique qual das alternativas apresenta uma das dissensões (discordâncias, críticas) que ocasionou a Revolução Pernambucana, mencionada nos jornais da questão. Então, vamos lá:
a) Incorreta. A Revolução Pernambucana não expressava dissensão com o governo central devido à abolição da ordem escravocrata. Afinal, o movimento não defendeu abertamente essa bandeira, já que também buscava a adesão da elite proprietária da região ao movimento.
b) Correta. A Revolução Pernambucana foi ocasionada pelo descontentamento da população de Pernambuco com as medidas tomadas por Dom João VI, especialmente o aumento de impostos e o modelo de centralização administrativa nas mãos do monarca. Somada ao sentimento antilusitano, à defesa de um federalismo e a um viés republicano, o movimento eclodiu em 1817 e propôs a independência da região.
c) Incorreta. A Revolução de 1817 não combatia o “domínio” religioso, tendo em vista que contou até mesmo com a adesão de padres e religiosos em seus quadros. Um exemplo é o próprio Frei Caneca, um dos líderes da sublevação.
d) Incorreta. O movimento não estava centrado na questão específica do direito a voto dos homens livres, mas sim à necessidade do federalismo, do republicanismo e de um sentimento antilusitano.
e) Incorreta. A questão fundiária não foi uma das pautas do movimento tratado no exercício.

4. Gabarito: A.
a) Correta. As comemorações do Sete de Setembro atendem à necessidade de criação de um calendário e de uma memória oficial em torno dos símbolos pátrios. Desta forma, comemorar a independência seria uma maneira de celebrar o que é considerado um mito originário de fundação do país, passado visto como comum a todos os brasileiros.
b) Incorreta. Embora as elites tenham se assenhorado dos principais cargos políticos, a comemoração do Sete de Setembro não faz alusão a tal aspecto específico. Sua celebração busca criar um sentimento de identidade histórica comum a todos os brasileiros.
c) Incorreta. A informação é incorreta, já que os proprietários de terra optaram pela manutenção da escravidão após a independência do Brasil. Tampouco as celebrações do Sete de Setembro tratam do tema da escravidão.
d) Incorreta. Não é historicamente preciso afirmar que houve um “apoio popular” às medidas de expulsão dos portugueses do Brasil. A independência foi um movimento protagonizado pelas elites brasileiras, e encontrou diferentes recepções nas várias partes do país. Portanto, não houve uma adesão homogênea por parte dos populares acerca das medidas tomadas à época.
e) Incorreta. O Sete de Setembro se refere à comemoração da Independência do Brasil, e não à transferência da Corte para o Rio de Janeiro.

5. Gabarito: C
a) Incorreta. Não houve um apoio disseminado de negros escravos e forros à Independência do Brasil. Ademais, o novo governo pouco se mobilizou para combater as “injustiças” do sistema escravista nacional.
b) Incorreta. A Noite das Garrafadas (1831) foi um episódio posterior à Independência do Brasil, e não estava diretamente relacionado com tensões de ordem racial.
c) Correta. A eclosão e o êxito da Revolução Haitiana reverberaram por toda a América Colonial escravista, gerando um sentimento de preocupação nas elites proprietárias conhecido como haitianização. Como resultado, as discussões sobre a necessidade de uma rigorosa punição e controle dos escravizados, bem como da importância de uma abolição ordenada, controlada pelas elites e pacífica ganham espaço nos diferentes países.
d) Incorreta. Não é possível constatar um repúdio específico dos escravizados aos marinheiros, e tampouco é correto afirmar que essa classe era composta majoritariamente pela “elite branca opressora”. Afinal, trata-se de um cargo de baixo prestígio dentro do mundo náutico.
e) Incorreta. O Brasil vivenciou um processo de independência protagonizado pela elite proprietária branca. Portanto, repudiaram o movimento ocorrido no Haiti, ao contrário do afirmado.

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