Materiais de História

Dossiê da Independência – Maria Quitéria e as mulheres na história

Resumo: Texto adaptado da Revista de História da Biblioteca Nacional, sobre a trajetória de Maria Quitéria dos Reis. Este material é importante para ilustrar a participação feminina na Independência do Brasil e em eventos políticos de destaque na história brasileira. A atividade acompanha exercícios sobre essa temática, que combinam o uso das redes sociais com o estudo da história.

Habilidades: EF08HI12

Moça Independente

Insubordinada desde nova, Maria Quitéria se vestiu com o uniforme do cunhado para lutar pela independência na Bahia

“Maria de Jesus é iletrada, mas viva. Tem a inteligência clara e a percepção aguda. Penso que, se a educassem, viria a ser uma personalidade notável”. Assim descreveram uma mulher que já foi chamada várias vezes de “Joana D’Arc” brasileira. Uma guerreira que lutou pela independência e se transformou em nome de ruas no Brasil inteiro: Maria Quitéria.

Nascida em 27 de julho de 1792 em um sítio em Cachoeira, na Bahia, filha de Quitéria Maria de Jesus e Gonçalo Alves de Almeida, a menina ficou órfã de mãe aos 9 anos. O pai se casou mais duas vezes, e a segunda madrasta deixava claro que não gostava do jeito “independente” da menina. Maria Quitéria era bonita, sabia montar cavalo, caçar, manejar armas de fogo e até mesmo dançava lundus com os escravos. É claro que na visão tradicional da época, nada disso era possível para uma menina branca.

Apesar dos obstáculos, a semente de liberdade brotou de vez em Maria Quitéria no mês de setembro de 1822. No dia 6, um mensageiro do Governo da Província foi à fazenda de Gonçalo para pedir voluntários da causa da independência. O pai de Maria Quitéria lamentou não ter filhos homens na idade de lutar, mas Maria Quitéria se ofereceu. O pai a censurou: as mulheres são feitas para fiar, tecer, bordar, mas nunca para lutar.

Diante da negativa, a jovem fugiu de casa, pegou a farda do cunhado e se apresentou como soldado Medeiros no Regimento de Artilharia. Semanas depois, foi descoberta porque o pai a estava procurando. Apesar de toda a situação, não foi expulsa do exército. Pelo contrário, depois de transferida para o outro batalhão, continuou a lutar e seu uniforme agora era personalizado: tinha um saiote.

Já em fevereiro de 1823, mostrou bravura. No confronto em Itapuã, invadiu a trincheira inimiga e fez vários prisioneiros. Em abril, na barra do Paraguaçu, avançou mar adentro junto com outras mulheres, com a água na altura dos seios, e impediu o desembarque de uma tropa portuguesa. Em 2 de julho, o Exército Libertador entrou em Salvador, aclamado. Houve homenagens aos comandantes e a Maria Quitéria de Jesus.

Por conta de sua atuação, foi recebida pelo imperador Pedro I ganhando a insígnia imperial da Ordem do Cruzeiro. Até morrer, em 1853, pobre e quase cega, recebeu um salário de alferes graças às suas contribuições na independência. Entretanto, apesar do talento nato e das contribuições de Maria Quitéria, seus feitos nunca foram bem vistos por seu pai. Mesmo D. Pedro I tentou ajudá-la nesse problema doméstico: Enviou a Gonçalo de Almeida pedindo que ele a perdoasse. Pelo visto não era fácil na época ser uma garota jovem, ousada e guerreira.

Adaptado da Revista História da Biblioteca Nacional, edição n° 100, 13 de Janeiro de 2014.

Retrato de Maria Quitéria por Domenico Failutti, 1872.
Retrato de Maria Quitéria por Domenico Failutti, 1872.

Atividades

1) Com suas palavras, explique quem foi Maria Quitéria e qual foi sua participação na história da Independência do Brasil.

2) Por que havia tanta resistência à participação de Maria Quitéria no processo de Independência?

3) Utilizando o Instagram ou o Google Imagens, pesquise a hashtag #IndependênciaDoBrasil e responda: Quantas postagens você encontrou que destacam a participação das mulheres, como Maria Quitéria, na luta pela independência? Isso reflete corretamente a importância das mulheres na história? Por que isso ocorre?

4) Faça uma postagem no Instagram (real ou fictícia) que destaque a participação de uma mulher na luta pela Independência do Brasil. Pode ser sobre a própria Maria Quitéria ou outra personagem que você pesquise. Seja criativo na linguagem e na imagem!

1. Maria Quitéria foi uma mulher brasileira nascida em 1792 na Bahia, conhecida por sua participação na Independência do Brasil. Apesar das normas sociais da época, que restringiam as atividades das mulheres, ela demonstrou bravura ao se voluntariar para o exército quando um mensageiro do Governo da Província solicitou voluntários para a causa da independência. Ela fugiu de casa, vestiu-se como soldado e lutou em diversos confrontos, mostrando-se destemida e habilidosa. Sua contribuição na independência foi reconhecida pelo imperador Pedro I, que a homenageou e concedeu-lhe a insígnia imperial da Ordem do Cruzeiro.

2. Havia resistência à participação de Maria Quitéria no processo de independência devido às normas sociais da época, que restringiam o papel das mulheres na sociedade. Seu pai, em particular, era contra sua participação nas atividades militares, acreditando que as mulheres deveriam se dedicar a tarefas domésticas tradicionais. Mesmo o imperador Pedro I tentou intervir nesse conflito familiar, enviando uma mensagem ao pai de Maria Quitéria pedindo que ele a perdoasse. Essa resistência era resultado da visão patriarcal predominante na sociedade, que não reconhecia o potencial das mulheres para contribuir em áreas consideradas exclusivas dos homens, como o campo militar.

3. Resposta pessoal. Entretanto, espera-se que os estudantes identifiquem uma predominância de personagens masculinos na história do Brasil, fruto de narrativa história que, por muito tempo, desvalorizou as contribuições femininas em nossa história.

4. Resposta pessoal.

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