Materiais de História

Atividade Olimpíadas – Atletas Antirracistas (pronta para imprimir)

Resumo: Esta atividade explora a história dos Jogos Olímpicos, destacando a trajetória de três atletas negros que combateram o racismo ao longo de sua participação nos jogos. Ideal para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Inclui exercícios sugeridos e gabarito, tudo pronto para imprimir.

Habilidades BNCC:

(EF09HI03): Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.

(EM13CHS502): Analisar situações da vida cotidiana (estilos de vida, valores, condutas etc.), desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade e preconceito, e propor ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às escolhas individuais.

(EM13CHS601): Relacionar as demandas políticas, sociais e culturais de indígenas e afrodescendentes no Brasil contemporâneo aos processos históricos das Américas e ao contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual.

Folhas de atividades sobre Olimpíadas e a luta antirracista.
Folhas de atividades sobre Olimpíadas e a luta antirracista.

Atividade: As Olimpíadas e a luta antirracista

As Olimpíadas são um dos eventos esportivos mais famosos e fascinantes do planeta. São jogos que reúnem os melhores atletas de diferentes países em uma série de modalidades esportivas. E, além da qualidade técnica das competições, os Jogos Olímpicos possuem uma história longa e fascinante, com origens que remontam à Antiguidade Clássica.

Porém, mais do que uma competição esportiva, as Olimpíadas também foram palco de histórias de vida e manifestações que buscaram justiça e igualdade. Neste texto, veremos três episódios que mostram como alguns esportistas conseguiram através da competição denunciar problemas graves existentes na sociedade.

1) Alfredo Gomes, o atleta negro brasileiro

Uma primeira história fascinante é a de Alfredo Gomes, atleta nascido no Vale do Paraíba no dia 16 de janeiro de 1899. Neto de escravizados, ele enfrentou muitos desafios pessoais e econômicos, mas sua determinação o tornou um nome importante no esporte e na luta antirracista.

Quando tinha 15 anos, Alfredo Gomes e sua família se mudaram para São Paulo. Lá, começou ao mesmo tempo a estudar e a trabalhar na Companhia Telefônica Brasileira. Porém, foi no futebol e no atletismo que Alfredo realmente brilhou, especialmente ao vencer uma corrida em 1919, desbancando atletas bem mais reconhecidos que ele próprio.

Assim, em 1922, participou dos Jogos Latino-Americanos no Rio de Janeiro e ganhou várias provas de corrida. Ele ficou conhecido como o “Homem Elástico” por sua flexibilidade e resistência. Dois anos depois, Alfredo fez história ao se tornar o primeiro atleta negro do Brasil a participar dos Jogos Olímpicos de Paris em 1924.

A viagem para Paris foi cheia de desafios. Alfredo e seus colegas precisaram de doações para conseguir viajar. Eles ficaram quase 30 dias em um navio até chegar à França. Em Paris, Alfredo foi escolhido para carregar a bandeira do Brasil na abertura dos Jogos, um grande reconhecimento de sua importância.

Os feitos de Alfredo Gomes se tornam ainda maiores quando levamos em conta a sociedade da época. Afinal, as elites e governantes brasileiros defendiam a “teoria do embranquecimento racial”. Essa teoria argumentava que seria melhor para o país buscar “embranquecer” a população através da imigração do que valorizar a população mestiça e negra aqui existente. Contra esses argumentos, a trajetória de sucessos de Alfredo Gomes demonstra na prática a ignorância do racismo e a igualdade de possibilidades e sucesso de todas as pessoas.

O atleta Alfredo Gomes em cerimônia comemorativa na década de 1940. Fonte: RFI.
O atleta Alfredo Gomes em cerimônia comemorativa na década de 1940. Fonte: RFI.

2) Jesse Owens: O atleta negro que deixou Hitler calado.

Outro episódio memorável é o de Jesse Owens, um atleta negro que desafiou o racismo ao disputar, em 1936, os Jogos Olímpicos em plena Alemanha Nazista. E, mais do que apenas aceitar disputar, ele venceu suas competições, provando para o mundo a falácia das teorias de Hitler sobre a superioridade da raça ariana.

Nos Jogos Olímpicos, Owens conquistou quatro medalhas de ouro, destacando-se nas corridas de 100 e 200 metros rasos, no salto em distância e no revezamento 4×100 metros.

Segundo seu relato, Owens ficou surpreso com hospitalidade dos espectadores alemães. Porém, ele também enfrentou a indiferença do líder nazista durante a competição. Há relatos inclusive de que Hitler teria se recusado a entregar pessoalmente as medalhas a Owens.

Porém, o mais surpreendente é que, mesmo após suas vitórias, Owens enfrentou preconceito em seu próprio país. O presidente americano da época, Franklin Delano Roosevelt, não enviou sequer um telegrama de congratulação a Owens.

Isso revela como os Estados Unidos tinha seus problemas com o racismo e com a segregação racial, existente nos Estados Unidos na época. Afinal, Owens sofreu discriminação mesmo sendo um dos maiores atletas de todos os tempos.

Em eventos oficiais na Casa Branca, ele tinha que entrar pela porta dos fundos, enquanto seus companheiros entravam pela porta da frente. Nas viagens com a equipe, muitas vezes era forçado a ficar em “hotéis para negros”.

Esses episódios não mancharam a história de Owens; pelo contrário, tornaram-no ainda mais vitorioso. Ele não apenas desafiou a Alemanha Nazista, o mais terrível e sanguinário governo racista do século XX, como também confrontou os próprios racistas americanos. Mesmo em meio a ambientes tão hostis, o talento de Jesse Owens se destacou e deixou uma marca indelével na história das Olimpíadas e da humanidade.

O pódio de Jesse Owens em 1936, em cerimônia na Olimpíada de Berlim.
O pódio de Jesse Owens em 1936, em cerimônia na Olimpíada de Berlim. Fomte: Globoesporte.

3) Os Panteras Negras e as Olimpíadas de 1968

Por fim, destaca-se a ousadia e talento dos atletas Tommie Smith e John Carlos, que fizeram um gesto aparentemente simples, mas que transformou as Olimpíadas de 1968, na Cidade do México. Eles participaram das provas de atletismo e, após ganhar as medalhas de ouro e bronze nos 200 metros rasos, respectivamente, realizaram um ato que marcou a história.

No pódio, Smith e Carlos levantaram os punhos cerrados, usando luvas pretas, enquanto o hino nacional dos Estados Unidos tocava. Esse gesto simbolizava o movimento dos Panteras Negras, que lutava contra o racismo e a injustiça social nos Estados Unidos. Com esse ato, eles chamaram a atenção do mundo para a luta dos negros americanos por igualdade e direitos civis.

O gesto era ainda mais ousado devido ao turbulento contexto dos anos 1960 nos Estados Unidos. O movimento pelos direitos civis da população negra estava em pleno andamento, com líderes como Martin Luther King Jr. e Malcolm X liderando marchas e protestos.

Por sua vez, os Panteras Negras eram um dos mais radicais e importantes grupos na luta antirracista. Eram perseguidos e criminalizados por políticos conservadores, sendo que muitos de seus líderes foram aprisionados ou perseguidos pela polícia. Assim, o gesto de Smith e Carlos foi uma corajosa declaração de solidariedade e resistência contra a opressão racial.

E, apesar de terem posteriormente sofrido críticas e enfrentarem consequências negativas, como a suspensão do time olímpico e ameaças de morte, o ato de coragem de Smith e Carlos inspirou muitas pessoas. Eles mostraram que o esporte pode ser uma plataforma poderosa para combater a injustiça e promover a igualdade.

Gesto dos Panteras Negros no pódio da Olimpíada de 1968. Fonte: The Guardian.
Gesto dos Panteras Negros no pódio da Olimpíada de 1968. Fonte: The Guardian.

Exercícios da Atividade sobre Olimpíadas

1) Qual das histórias citadas você gostou mais? Por quê?

2) Assinale a alternativa que melhor define a “política de embranquecimento”, defendida pela elite brasileira na época em que Alfredo Gomes disputou as Olimpíadas.

a) Uma política de incentivo ao esporte entre negros.
b) Uma política que promovia a imigração europeia para “embranquecer” a população.
c) Um programa de inclusão social para afrodescendentes.
d) Uma campanha contra o racismo e a discriminação.

3) Como o sucesso de Alfredo Gomes combateu o racismo e a política de embranquecimento?

4) Por que Jesse Owens mostrou o fracasso das teorias de Hitler?

5) Quais desafios Jesse Owens enfrentou nos Estados Unidos?

6) Assinale a alternativa que melhor explica quem foram os Panteras Negras?

a) Um grupo de atletas olímpicos.
b) Um movimento de luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
c) Um time de futebol famoso nos anos 1960.
d) Um grupo de músicos que apoiavam a luta antirracista.

7) Por que o gesto de Tommie Smith e John Carlos chocou as Olimpíadas de 1968?

8) Escolha uma das três histórias e prepare uma reportagem para ser publicada nas redes sociais. Coloque as imagens, prepare um título chamativo e conte brevemente o feito histórico do atleta e sua importância na luta antirracista.

Modelo de página para atividade sobre as Olimpíadas e a luta antirracista.

Gabarito dos Exercícios

1. Resposta pessoal.

2. B

3. O êxito de Alfredo Gomes mostrou que os negros eram igualmente capazes e talentosos, desafiando a ideia de que era necessário “embranquecer” a população para alcançar progresso e sucesso.

4. Jesse Owens mostrou o fracasso das teorias de Hitler ao vencer quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Berlim, provando que a ideia de superioridade racial ariana era falsa.

5. Jesse Owens enfrentou muitos desafios, como a falta de reconhecimento do presidente americano da época, Franklin Delano Roosevelt, e a segregação racial, sendo obrigado a entrar pela porta dos fundos em eventos oficiais e a ficar em “hotéis para negros” durante viagens.

6. B

7. O gesto de Tommie Smith e John Carlos chocou as Olimpíadas de 1968 porque eles levantaram os punhos cerrados no pódio, simbolizando o movimento dos Panteras Negras (Black Panthers) e protestando contra o racismo e a injustiça social, em um momento de grande visibilidade mundial.

8. Essa atividade é pessoal e incentiva a criatividade do aluno.

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