Resumo: Proposta de atividade que consiste na construção de maquete de um Quilombo a partir de documentos históricos. Funciona bem para os anos finais, sendo uma atividade de ensino ativo com os estudantes e que desperta certa curiosidade e participação extra deles (claro, na medida do possível, rs).
Habilidades: EF07HI11, EF07HI12
Como aplicar esta atividade?
Para aplicar esta atividade, você precisa orientar os alunos sobre o que será feito com alguma antecedência. Deve estimulá-los a levar o máximo de materiais para a construção de maquetes, como palitos de sorvete, cartolina, isopor, papelão, cola, tesoura, pedaços de plástico, tinta guache e outros.
Em seguida, deve separá-los em grupo e, no dia da atividade, distribuir a folha com o texto e ler com eles, explicando os detalhes da formação de um quilombo. Aí é só deixar eles construírem a maquete, sempre passando de grupo em grupo para orientá-los.
Importante: Ajude-os a entender a planta! Num primeiro momento, pode ser complicado para um aluno do sétimo ano! É bem legal que você explique e ajude-os a interpretar o documento!
Sobre os materiais a serem usados, como eu dava aula em escola pública e meus alunos eram bastante desorganizados, sabia que poucos levariam materiais no dia combinado. Assim, já havia pego algum material com a coordenação da escola e também levado algum por própria conta, tentando não fazer a atividade fracassar…
Apesar desse esforço extra, deu tudo certo! Mesmo alunos pouco participativos se engajaram, e acredito que ela surtiu bastante efeito.
Abaixo, algumas imagens dos estudantes realizando a atividade.
(Obs. O texto foi adaptado do livro de Stuart Schwartz, “Escravos, Roceiros e Rebeldes”, publicado pela Edusc. Já a imagem de capa, é extraída do maravilhoso livro Angola Janga, de Marcelo D’Salete.)
Texto da Atividade
Atividade: Leia o texto abaixo e estude a planta do Quilombo “Buraco do Tatu”, que existiu na Bahia por volta de 1740 até 1763. Em seguida, com seu grupo, utilize os materiais trazidos e construa uma maquete do quilombo estudado, representando seu estilo de residências, ruas, casa cerimonial e armadilhas no entorno. Bom trabalho!
1. Onde ficava? O quilombo Buraco do Tatu ficava na região da cidade de Salvador-BA, próximo à atual praia de Itapoã.
2. Como viviam? O Buraco do Tatu tinha vinte anos de existência. Como a maior parte dos mocambos baianos, sua economia era essencialmente parasitária, vivendo de furtos e assaltos em seu entorno.
Havia também alguma agricultura, como pés de maracujá (Q) e algumas hortas pequenas (F), dedicadas ao cultivo de ervas.
Politicamente, o Buraco do Tatu possuía dois capitães: Antonio de Sousa e Theodoro.
3. Como se relacionava com seu entorno? Havia libertos e escravos que, por necessidade ou solidariedade, cooperavam com o Buraco do Tatu. Por exemplo, João Baptista, agricultor mulato, trabalhava com os fugitivos e lhes fornecia lenha.
Os negros da cidade de Salvador auxiliavam o quilombo, ajudando os fugitivos a entrar na cidade à noite para comprar pólvora e chumbo. Tal contato era inquietante para os proprietários de escravos e as autoridades de Salvador, que temiam o aumento das fugas ou uma rebelião generalizada.
Além disso, também havia brancos que cooperavam com o quilombo, nesse caso para evitar danos à vida ou propriedade.
4. A descrição do quilombo O quilombo era um povoado bem-organizado, com seis fileiras de casas alinhadas e divididas por uma grande rua central. Havia um total de 32 casas retangulares (B) e (…) aproximadamente 65 adultos no quilombo, o que sugere um padrão de monogamia entre os habitantes. (…)
A ampla rua central separava igualitariamente as casas retangulares. Além disso, também havia (…) uma casa cerimonial ou de “debates” em frente a uma praça (h), característico dos grupos Bantu do noroeste africano, como os Koko, Teke e Mabea.
Além disso, havia nove casas separadas da parte principal do povoado (X), provavelmente para recém-chegados.
5. A proteção do Quilombo: O Buraco do Tatu era engenhosamente protegido. Entrar nele sem conhece-lo era muito perigoso.
A parte de trás era protegida por um pântano de passagem praticamente impossível, com águas da altura aproximada de um homem. Os três outros lados eram protegidos por um labirinto de estacas pontiagudas (L), fincadas em nível abaixo do chão e cobertas para não serem detectadas. Essa defesa era ampliada por 21 buracos (D) repletos de espetos afiados e camuflados por arbustos e mato. Também havia uma falsa trilha que levava ao quilombo, muito bem protegida por lanças e armadilhas camufladas.
Somente quando os vigias (N) colocavam pranchas (C, O, M) sobre alguns obstáculos é que se tornava possível a entrada ou a saída.