Materiais de História

Atividade 8º ano e EM – A coração de Napoleão – Análise de documentos (pronto para imprimir)

Resumo: Atividade sobre Napoleão Bonaparte e o episódio de sua coroação. O material é composto por texto base e uma atividade análise de imagens históricas. Pronta para imprimir e utilizar com alunos dos Anos Finais ou do Ensino Médio!

Habilidades BNCC:

(EF08HI04) Identificar e relacionar os processos da Revolução Francesa e seus desdobramentos na Europa e no mundo.

(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

A coroação de Napoleão por meio de imagens

Introdução

Napoleão Bonaparte é certamente um dos personagens históricos mais conhecidos e lembrados de toda a história. E, dentre os vários feitos e lendas envolvendo este personagem, sua coroação como Imperador em 1804 é uma das mais impressionantes e estudadas.

Além da importância histórica e política, a cerimônia de coroação de Napoleão foi repleta de simbolismos. O evento também foi marcado por grande luxo e inspirado nas tradições francesas, cuidadosamente planejado por Napoleão para consolidar sua popularidade e ganhar o apoio de grupos que desconfiavam dele, como membros da Igreja Católica e a antiga nobreza, ainda leal a Luís XVIII, herdeiro da família Bourbon ao trono francês.

A obra "Coroação de Napoleão" e seus simbolismos

“Consagração do Imperador Napoleão I e coroação da Imperatriz Josefina, por Jacques-Louis David, 1804.
“Consagração do Imperador Napoleão I e coroação da Imperatriz Josefina, por Jacques-Louis David, 1804.

A coroação de Napoleão aconteceu na Catedral de Notre Dame e buscou criar uma ligação entre o novo imperador e o passado da França. Além disso, o jeito como a cerimônia foi decorada e organizada trouxe elementos do neoclassicismo, movimento artístico muito inspirado nas tradições e na estética de Roma e da Grécia Antiga. O objetivo era usar símbolos e tradições para fazer Napoleão parecer um grande imperador, reforçando sua autoridade de forma planejada e estratégica.

A obra de Jacques-Louis David (1748-1825), pintor oficial de Napoleão, nos oferece uma visão do desejo de Bonaparte em se apresentar como um dos grandes nomes da história. Além da riqueza de detalhes e do esforço do artista em retratar o luxo e a grandiosidade do evento, a pintura se destaca por ilustrar o momento em que Napoleão pega a coroa das mãos do papa Pio VII e a coloca em sua própria cabeça.

Esse gesto de Napoleão era extremamente simbólico, pois rompia com a tradição francesa de que apenas o papa tinha o poder de coroar os imperadores. Ao coroar-se, Napoleão reforçava a ideia de que o poder do imperador não vinha de uma bênção religiosa, mas de sua própria força e ambição. Essa atitude estava em sintonia com parte das mudanças trazidas pela Revolução Francesa, que havia abalado muitas tradições ao derrubar a monarquia absoluta e questionar a influência da Igreja sobre o Estado.

Napoleão e Carlos Magno

Obra “A Coroação de Carlos Magno”, de 1517, por Rafael Sanzio.
Obra “A Coroação de Carlos Magno”, de 1517, por Rafael Sanzio.

Na coroação de Carlos Magno, que aconteceu no Natal do ano 800 d.C., ele é representado ajoelhado diante do papa Leão III, que lhe coloca a coroa na cabeça, simbolizando a submissão do poder temporal (isto é, do imperador) ao poder religioso. Carlos Magno havia se deslocado até Roma para ser coroado, reforçando os laços com a Igreja. Em contraste, na obra de Jacques-Louis David, vemos Napoleão tomando a coroa das mãos do papa Pio VII e colocando-a sobre sua própria cabeça, invertendo completamente essa hierarquia. Enquanto Carlos Magno aceitava a legitimidade dada pela Igreja, Napoleão buscava afirmar sua superioridade sobre o papa, tratando-o como um simples participante da cerimônia.

Apesar de romper com a tradição ao coroar-se, Napoleão também buscou incluir elementos que evocassem a coroação de Carlos Magno, estabelecendo uma conexão simbólica com o antigo imperador. Ele desejava ser comparado a Carlos Magno, associando-se à grandeza histórica, mas, ao mesmo tempo, queria destacar a diferença em sua relação com a Igreja, colocando-se como independente da autoridade papal, algo que Carlos Magno havia aceitado. Essa dualidade refletia o desejo de Napoleão de se apresentar tanto como herdeiro de um grande legado quanto como um líder inovador e autônomo.

A charge que zombou Napoleão e sua coroação

A arrogância de Napoleão não passou despercebida por seus inimigos. Com os ingleses como principais adversários em sua política de expansão, Napoleão Bonaparte virou motivo de piada por parte de um chargista inglês, James Gillray (1756-1815). Gillray, que recebia apoio financeiro do governo inglês, criou a obra “A grande procissão da coroação de Napoleão I, imperador da França” (1805), com a intenção de fazer uma paródia do famoso quadro de Jacques-Louis David.

Detalhe da obra “A grande procissão de coroação de Napoleão”, por James Gillray, 1805.
Detalhe da obra “A grande procissão de coroação de Napoleão”, por James Gillray, 1805.

Nessa obra, Napoleão foi mostrado como um rei de ópera cômica, enquanto os outros líderes europeus apareciam de forma caricaturada e submissa. O papa Pio VII, por sua vez, parecia claramente incomodado com a situação em que estava.

Essas imagens nos ajudam a pensar sobre a história de uma forma diferente dos textos, permitindo entender os eventos de uma maneira mais ampla do que apenas com as palavras dos historiadores.

Adaptado de: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/a-coroacao-napoleao-atraves-imagens.htm

Exercícios

Analise novamente as imagens de Jacques Louis David, “Consagração do Imperador Napoleão I e coroação da Imperatriz Josefina”, e a obra “A grande procissão de coroação de Napoleão”, por James Gillray e responda ao que se pede.

Sobre a obra de Jacques Louis-David, responda

1. Como Napoleão está representado nessa fonte?

2. A qual evento histórico ela se refere e qual o cenário que está sendo representado?

3. Quais elementos e personagens, além da figura de Napoleão, estão representados na pintura?

4. Qual imagem David pretendia passar de Napoleão neste quadro?

5. A imagem constrói uma imagem positiva ou negativa de Napoleão? Por quê?

 

Sobre a caricatura do inglês Gillray, responda:

6. Como Napoleão e sua esposa foram representados nessa obra?

7. É possível afirmar que essa obra é uma paródia do quadro de David? Por quê

8. Qual o objetivo do autor da caricatura ao representar dessa forma a cena histórica?

Gabarito

1. Napoleão está representado como uma figura central, iluminada e poderosa, coroando como imperatriz sua esposa, Josefina. Essa ação de Napoleão é um gesto de autoridade, mostrando independência ao tomar a coroa das mãos do papa.

2. Ela se refere à coroação de Napoleão como Imperador da França, ocorrida em 1804, na Catedral de Notre Dame, um cenário repleto de luxo e elementos neoclássicos.

3. A pintura retrata a Imperatriz Josefina ajoelhada sendo coroada, o papa Pio VII, membros da nobreza, altos representantes da Igreja e militares. Todos aparecem participando de uma cerimônia grandiosa.

4. David pretendia mostrar Napoleão como um líder forte e autossuficiente, um governante acima da autoridade religiosa, reforçando sua legitimidade e poder.

5. A imagem constrói uma visão positiva de Napoleão, destacando sua grandeza e autoridade. Isso fica evidente pela forma como ele é retratado no centro da cena, assumindo controle total de sua coroação.

6. Eles são retratados de forma exagerada e ridícula, zombando de sua pompa e arrogância.

7. Sim, a obra é uma paródia porque distorce os elementos grandiosos da coroação de Napoleão, retratando-o de forma humorística e crítica, contrastando com a seriedade da pintura de David.

8. O objetivo era criticar e ridicularizar Napoleão, mostrando-o como uma figura arrogante e exagerada. A caricatura servia como uma forma de propaganda política para enfraquecer sua imagem perante seus inimigos, especialmente os ingleses.

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2 Comments

  1. Mariana

    Atividade ótima , porém não tem o gabarito

    1. materiaishist

      Puxa, obrigado pelo aviso! De fato, a publicação estava sem o gabarito. Vamos consertar já esse problema!

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